A vitrine da alma
Quando desperta o herói de um campo de guerra escandinavo, sorri carregado por uma valquíria. Deusas-virgens criando asas em cavalos os conduzem ao Valhala e lhes oferecem festas a mando de Odin. O corpo mantém-se em barro mas seus olhos vivem a alegria da morte.
Dono da sabedoria e cinco olhos, o rei nórdico é olhos alados em forma de dois corvos. Odin espera os bravos em uma sala sem luz. Somente o brilho do ouro e lanças.
O sorriso fala todas as palavras, mas fala uma só língua. O homem entrega todos seus segredos com apenas um sorriso e, na tristeza de um amigo, o sorriso pode esconder-se atrás da língua, na garganta. Esfregando sua língua de serpente, mostra que não é um amigo.
Na solidão, a sombra sorri, zombando da tua tristeza.
O homem tortura-se pelo sorriso de uma mulher. Quando o riso dela não pertence a um único homem - chicoteia-se a mente. E o sorriso que a mulher dá hoje, amanhã será mostrado a um homem que não seguiu teu caminho. Lembrando-se e imaginando que o sorriso de hoje, um dia pertenceu a outro homem - chicoteia-se a mente.
No sexo, a pupila sorri.
O tolo que ri de si mesmo, um dia chorará na sua morte. O perfeito vai rir de suas asas cortadas. Quem deixa os corvos girar a risos seu ninho, chorará a própria morte e a morte dos corvos
A promessa guarda-se no sorriso, tornando-se a vitrina da alma.