Quel Bordel Putain de Merde
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Quel Bordel Putain de Merde", dizia o velho homem curvado pela idade e pelo duro trabalho na antiga fábrica de rádios AM. Como se não bastasse o calor de 35 graus, M. Delatrouille ainda portava um casaco de lã, feito certamente para o mais rigoroso inverno. Ele sai do apartamento onde morou há mais de 50 anos, em direção à casa de seu ex-patrão, o M. Piègeaux.
Chegando lá ele esmurra a porta da forma que pode, já que a fraqueza da idade não lhe deixa expressar todo seu rancor. A porta se abre e é seu ex-patrão mesmo que aparece com a cara de quem não tem muitos amigos. M. Piègeaux o analisa com os olhos, dos pés a cabeça e diz com um ar de desprezo:
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Que est-ce que vous voulez ici M. Delatrouille.
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J'ai une choise pour vous M. Piègeaux.
De um só golpe, M. Delatrouille puxou do interior de seu casaco uma pistola que ele guardava como medalha pela sua atuação não reconhecida durante a Segunda Guerra e deixou a arma a 30cm do peito de seu maldito ex-patrão. A cena foi tão violenta aos olhos de M. Piègeaux que o velho ex-patrão desmoronou, morto de ataque cardíaco, como um prédio sendo implodido.
M. Delatrouille virou as costas para o defunto esticado no tapete de entrada da casa. "
Quel Bordel Putain de Merde", disse ele com um ar aliviado do fardo pesado que ele carregou durante mais de 40 anos.